Felizes anos novos!

31 dez

Entrando no clima da festividade mais sem sentido da humanidade (não entendo pra que tanta festa para a data em que os cônsules romanos iniciavam seus trabalhos na Roma antiga), venho comunicar meu desejo de que a partir de amanhã e dentro do interregno dos 365 dias subsequentes (dia 1º de janeiro inclusive) vocês sejam capazes de conquistar o que de melhor possa se reverter em felicidade e conforto nas suas vidas e que por diversos motivos que escapam ao meu conhecimento não foi conquistado até o presente momento… Espero que, mesmo que por mágica, ciências ocultas (o que a rigor não é nada, já que não se pode estar ciente do que é oculto), providência divina e outros fenômenos alheios à nossa compreensão, as suas vidas melhorem da noite para o dia, ainda que isso não faça o menor sentido.

Espero que 2013 venha a ser um ano bom e que justifique a festa e os fogos de artifício que a essa altura já tem sido estourados a partir dos territórios a oeste das Ilhas Baker e Howland ainda que não tenhamos qualquer indício palpável de que algo vá realmente mudar pra melhor e que 2012 tenha sido tão ruim a ponto de motivar estarem celebrando seu fim (é essa a sua intenção, né? – desculpem-me, fico confuso nessas comemorações).

Feliz 2013!

Aliás, afim de economizar fogos e sorrisos de Natal, por favor considerem logo que lhes desejo felizes todos os anos daqui pra frente (a menos que você venha a me fazer algo que realmente me desagrade e  me prejudique, nesse caso, quero mais é que você morra cedo).


Cotas racistas

24 nov

Hoje me deparei com o seguinte artigo: “ABSURDO! Governo quer agora cotas “raciais” nos concursos públicos e até para o doutorado. Eis o monstro que o Supremo embalou“, do colunista Reinaldo Azevedo, da revista Veja (sim, da Veja, por que? tem alguma coisa contra? leio de tudo um pouco e dou crédito) e sempre que leio notícias como essa tenho menos vontade de ter um filho nesse mundo. Já escrevi sobre racismo antes no meu antigo blog e volto ao assunto agora, porque de lá pra cá a forma como o assunto é tratado parece ter piorado muito.

Em primeiro lugar, vamos parar com esse eufemismo, a expressão correta não é “cotas raciais”, é “cotas RACISTAS”. Não encontro argumentos que sustentem que as tais cotas em concursos públicos (vestibulares incluídos) não ferem o art. 3º, inciso IV da Constituição. A leviana decisão do supremo, afim de tapar o Sol com a peneira permite (olhando apenas para “a promoção do bem” de cidadãos de apenas uma cor, acredita que essa decisão corrige uma suposta “injustiça histórica”), mas não obriga a existência de cotas na admissão a universidades públicas. Do meu ponto de vista, foi apenas uma decisão política (especialmente considerando que quem ajuizou a arguição foi um partido de oposição ao governo atual).

Agora o executivo – leia-se PT – através da secretaria da promoção da igualdade racial, supostamente (ou provavelmente) quer estender essa política discriminatória para concursos para cargos públicos. Para essa tarefa, vão ter que mudar a Constituição, já que o art. 7º, inciso XXX trata explicitamente do assunto. Ou será que o supremo tribunal também vai ser capaz de considerar essa ideia constitucional?!

Querem corrigir a incompetência do executivo (obviamente não só do atual governo, mas também de vários outros anteriores) com leis racistas de princípios invertidos e/ou obscuros (leis estas, criadas pelo poder executivo, não legislativo, diga-se de passagem).

Estão tentando criar um novo tipo de apartheid¹ em um país de população essencialmente miscigenada. Em nome de uma suposta justiça racial, estão se valendo de princípios injustos e falhos. Que igualdade será essa que lança mão de discriminação para se impor?

¹P.S.1: Por falar em apartheid, vale a pena ler a respeito das possíveis motivações desse regime na África do Sul. Será que não estamos repetindo a história?

P.S.2: Relendo tudo o que escrevi, observo que Executivo, Legislativo e Judiciário estão começando a se tornar um poder só… isso cheira a que? Brasileiros, estudem mais um pouco, ditaduras não são apenas militares e não são necessariamente mantidas por um líder personificado em um ditador. /o\ (mas isso é outro assunto)


Crime e castigo (não necessariamente nessa oredem)

9 maio
E se você fosse detido sob a acusação de prática ilegal da medicina apenas por ser surpreendido carregando um bisturi? E se você fosse multado, por, alcoolizado (em qualquer grau), andar por aí com um saca-rolha na mão (com o que, “fora de si”, você poderia ou não matar alguém)? E se você fosse castigado antes mesmo de praticar um crime, como em Minority Report?Eu não bebo, me revolto a cada vez que ouço uma notícia de motorista alcoolizado causando acidente sério, já vi de perto o sofrimento de quem perdeu alguém querido nessas condições, mas não tenho como não ver de forma incoerente (e até cretina) o jeito como o tema é tratado e explorado pelos legisladores e governantes brasileiros. A tal Lei Seca, que de tempos em tempos é cada vez mais rigorosa e restritiva, cerceia de forma irracional a liberdade e penaliza cidadãos alcoólatras ou não antes mesmo de cometerem qualquer delito realmente grave. E isso é apresentado falsamente como medida salvadora para diminuir as assustadoras estatísticas de desastres no trânsito. Para piorar a situação, ela é explorada como mais um método eficiente de geração de fundos para os cofres públicos (e alguns privados) desvirtuando e comprometendo sua aplicação.

Alguns diriam que as estatísticas comprovam que a implementação da Lei Seca diminuiu em X% a ocorrência de acidentes de trânsito fatais. Ora, então vamos proibir a venda de carros no Brasil, provavelmente reduziríamos a zero a ocorrência desses acidentes.

Eu sou absolutamente contra pessoas dirigirem alcoolizadas, mas não posso ser a favor de pessoas serem multadas em quase mil reais por terem ido dirigir depois de bochechar Listerine. Não posso ser a favor de pessoas que nem bebem serem penalizadas em engarrafamentos insanos causados por blitzes.

Falta bom senso nessa legislação. Falta a consciência nos nossos legisladores (e até na população como um todo) de que não se educa com leis e que correção vem depois do erro. Por que, ao invés de impor mais rigor na proibição da bebida, não se impõe mais rigor na penalização dos causadores de sinistros? Quantas pessoas são realmente penalizadas por matar alguém no trânsito? Há casos famosos de impunidade nesses casos.

Prevenção não se faz punindo quem ainda não cometeu o crime, prevenção se faz orientando, educando. As autoescolas e os processos legais de habilitação não podem ser meras fontes de renda. A seriedade na cobrança de comprometimento e responsabilidade dos motoristas tem que acontecer no início. Carteiras de motoristas são distribuídas sem critérios sérios. Muito mal avaliam a habilidade ao volante, que dirá a capacidade psicológica e social dos novos condutores.

Sou favorável à restrição à carteira de motorista, sou favorável à restrição da liberdade de quem comprovadamente não se porta com responsabilidade. Mas que as coisas sejam feitas em uma ordem coerente. É triste perceber que coisas tão básicas são vistas em nossa sociedade como utopia e temos sempre que apelar para a “tolerância zero” (normalmente sem resultado eficaz).

Johnnie Driver

Começando devagarinho… (literalmente)

12 abr
Com a sinceridade inocente, burra e autodestrutiva que me é característica, já aviso aos leitores (que ainda nem tenho) que esse artigo testemunhará que esse blog definitivamente não está entre as minhas prioridades. Depois de abandonar um blog de relativo sucesso por total incapacidade de dedicar o cuidado que eu acho que ele merecia, venho tentando, fazer ficar realmente ativo um novo há mais ou menos um ano… provavelmente devido ao fato de ele já ter nascido com a covarde proposta de não representar prioridade alguma na minha vida, tenho falhado miseravelmente nessa missão.
Mas eu não estaria me dando ao trabalho de escrever isso, se não houvesse alguma esperança para o ‘Seguindo o perdido’ ‘Para todos os lados’ Plurivéritas… Com o advento dos smartphones, da conexão banda-larga mais ou menos confiável e do crescimento demográfico descontrolado em uma cidade sem planejamento e infra-estrura, tenho agora as condições que me faltavam antes para me dedicar razoavelmente a escrever em um blog: ferramenta pra escrever e tempo em que não tenho como me dedicar a nada mais interessante (ou importante ou procrastinante).
Assim, devagarinho como normalmente é nos engarrafamentos, esse blog deve ficar ativo. Por favor, me incentivem, comentem, me façam gostar de fazer o blog.
P.S.: Eu prometo que não vou escrever dirigindo.

Vida Maria

27 jun
As pessoas trabalham, varrem as calçadas, projetam pontes, constroem pontes, escrevem programas, produzem documentários, se prostituem, ajudam doentes… e a pergunta que, se ainda não passou, ainda vai passar pela sua cabeça é: Para que? O problema é que a pergunta vai aparecer, mas a resposta, não.
Poderia-se dizer que é para contribuir para o desenvolvimento da humanidade, mas essa resposta leva a outro questionamento: que diabo de desenvolvimento é esse?! Depois de milhares de anos aonde a humanidade chegou? E aonde queria ou ainda quer chegar? Você sabe? Eu não sei, logo não é isso que justifica minhas (nossas?) atitudes.
Algumas pessoas diriam mais especificamente que isso é para o crescimento pessoal de cada um, para seguir em frente, desenvolver uma carreira… Sim, mas o que isso significa? Eu estou aqui, faço um monte de coisas e depois morro. E daí? A questão fundamental (o “pra que?” do primeiro parágrafo) ainda não foi respondida.
As pessoas se ocupam com um futuro que não vão testemunhar. Se ocupam em deixar algo para as próximas gerações. Por que? Porque gerações anteriores nos deixaram algo?! Então pagaremos a dívida para a geração seguinte?! O melhor consultor jurídico especializado em heranças do mundo não conseguiria explicar essa lógica.
Estamos presos nesse ciclo, somos parte de um organismo, nascemos dentro dessa organização sem sentido e sem objetivo. Temos a ilusão de ter livre arbítrio, mas somos obrigados a decidir o que (e se) fazer e estamos aqui fazendo essas coisas sem nem saber porque. Que diabo de livre arbítrio é esse? Algumas pessoas sentem prazer com essas atividades, outras já sentiram mas não sentem mais e outras ainda nunca sentiram, mas nada disso muda o fato de não haver razões lógicas para seguirmos em frente e “crescer” (razões práticas não faltam, considerando que a tal organização já está estabelecida e não há muito como mudar isso).
Tá certo, eu não segui a cartilha da professora de redação da 7ª séria. Coloquei um monte de questões (na verdade, se analisar bem, a questão é uma só) e não apresentei respostas. E isso se deu pelo simples fato de eu não ter as respostas. E não espero consegui-las (provavelmente não aceitarei se me apresentarem uma). Temos que estar preparados para aceitar que não há sentido em nada.
Por um lado, não haver sentido nas coisas pode ser decepcionante, por outro pode ser algo libertador. A perspectiva de que qualquer lógica é vã é um pouco desesperadora, mas também pode ser bom não estar preso à lógica, ao sentido das coisas. Há uma definição que cito sempre que tenho oportunidade e cabe muito bem agora: “Lógica nada mais é do que um método sistemático de se chegar a uma conclusão errada com convicção.
E já que cheguei ao ponto de fazer citações descontextualizadas, vou citar mais uma, dessa vez com autor supostamente conhecido (li ontem no Facebook). Ela dá algum parâmetro para você continuar ou não a trabalhar, varrer as calçadas, projetar pontes, construir pontes, escrever programas, produzir documentários, se prostituir, ajudar doentes… “Você pode viver até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira viver até os cem anos.” – Woody Allen
A vida é curta (embora infinita (isso é assunto pra outro artigo)) para você ficar se preocupando com um futuro que não vai testemunhar. Se pretende se ocupar com isso, fique à vontade (pode ser um bom jeito de passar o tempo), mas faça-o com moderação.
P.S.: O título do artigo é uma referência a um vídeo a que me apresentaram recentemente e que não inspirou o artigo, mas poderia ter inspirado.
Acredito que o autor da animação se referia especificamente à situação no nordeste do Brasil (sei lá, o cara ambientou a história lá), mas certamente (afora a crítica social direta relacionada ao problema educacional/econômico no Brasil) essa situação geral se aplica a cada ser humano no mundo: uma repetição sem sentido… todos os dias, todas as semanas, todos os anos, todas as gerações… vivendo, buscando algo, seguindo em frente, sem saber para onde se está indo…

The tragic life of Left Shoe

15 abr

The story I’m about to tell you is not a fairy tale. No happy ends. Just a story. This is Left Shoe’s life. The place where Left Shoe was born is unsure. It’s believed that he was born in Italy, at least he had a birthmark in which it could be read “Made in Italy”. What is certain is that he came to Brazil when he was still a very young child.

Nobody knows who are his parents, but it is known he had a fraternal twin, Right Shoe. Right Shoe always was the opposite of Left Shoe, like they were each one on each side of a mirror. But during their childhood they used to get along very well. Left Shoe had a very happy youth beside his brother and many other young shoes in a stylish shoe store in a mall of a very wealth neighborhood. He got used to hear compliments about his beauty and believed his life would be always good that way. He had no idea of how hard the life of a shoe could be.

One day Left Shoe and his brother left the store. This was the beginning of the end, yet when he was an young adult. The relationship between the brothers started to change. They were constantly separated from each other, each one on each foot. They only used to stay side by side at the end of day, after hours of hard work being stepped by a heavy human and suffering with the most different sorts of grounds. After years, the relationship was ruined, they barely talked to each other anymore. One always trying to stay ahead the other. When they were younger, Left Shoe used to look at his brother as a model of shoe, and used to try hard to follow every step Right Shoe made. But at that time he already knew that he would never be the right shoe, and he started to believe he was always the wrong one. He became envy about his brother.

But suddenly their relationship changed again. They were already old and tired shoes and one night, when they were together in their box, Right Shoe said: “Leftie, I have to tell you… I’ve got hurt the other day. I’ve got a hole on my sole. I think I’ll last only few weeks or even days.” Left Shoe froze, he instantly became afraid. “Brother, It can’t be… I can’t go on without you…” At that very moment Left Shoe regretted having been so jealous, he regretted not enjoying his brother company while he could simply due to daily issues. After all those years, only at the moment when he was losing his brother he accepted that he loved him.

And in fact, Left Shoe couldn’t go on without his brother. When Right Shoe died, Left Shoe became useless to the heavy human and he was sacrificed. Left_shoeBoth brothers were buried together (on the municipal dumping ground). And this way ended the story of a shoe who spent entire life believing he could do anything alone, but who had to follow another shoe even at the moment of his death.


Época Puta

25 mar

Concordo… ¬¬

A Selva

6 dez

À essa hora, a selva está negra, iluminada apenas em curtos e súbitos momentos por amiudados relâmpagos insistentes. Seu fulgor interrompe o espetáculo dos pirilampos, o ulterior estrondo interfere na triste melodia dos sapos dando-lhe um tom sinistro. Bruxas saem a saudar a chuva, que trará a destruição. Lindas fadas escondem-se sob pétalas encharcadas de flores não menos belas. Duendes aparecem para brincar com as bruxas. Tal cena de alegria contrasta com o cenário fúnebre da selva sombria e amarga da noite.

Pela manhã, a selva era uma feliz paisagem multicolorida, com seres animados das mais variadas espécies, plantas de folhas suaves e flores delicadas. Lugar onde vagavam maravilhosos anjos, onde prodigiosos duendes passavam o tempo a pregar peças. Sob a luz solar, ouvia-se uma pomposa orquestra de pássaros a assobiar os mais harmônicos gorjeios.

Uma primorosa floresta em menos de um dia transforma-se em um torpe pântano infestado por demônios. Em um curto interregno, evolui da Luz às Trevas, de verde a maduro e de maduro a podre.